sábado, 7 de agosto de 2010

Atum azul sob ameaça na Europa




Um olhar para o passado tenta salvar o atum azul (Thunnus Thynnus) de desaparecer das águas que banham o continente europeu. Este peixe é uma espécie importante para o comércio na região e sua atividade pesqueira existe há pelo menos 100 anos. Um estudo History of Marine Animal Populations, de 2007, apontou que lá no norte da Europa a abundância do atum era enorme no início do século XX. E ainda na primeira metade do século, entre as décadas de 30 e 40, o comércio pesqueiro desta espécie passou a se industrializar, e aumento sensivelmente sua produção. A conclusão é triste. Já nos anos 70 era raro encontrar o atum azul nas águas do norte europeu. O alerta foi dado e os cientistas esperam que com esta medida possam gerar esforços futuros para que além do atum azul, outras espécies de peixes tenham a conservação que merecem para continuarem a nadar em seus habitats, sem o perigo da extinção. ( Créditos: www.coml.org/divulgação )

Como salvar o atum-azul
O atum-azul é um peixe magnífico. Pode chegar a 4 metros de comprimento, pesar 700 quilos, nadar à velocidade de 70 quilômetros por hora e viver quarenta anos. Sua carne vermelha, macia e saborosa, fez dele o pescado mais apreciado da culinária japonesa. A dúvida é se o atum-azul sobreviverá à globalização do sushi e do sashimi. Estima-se que a pesca predatória tenha reduzido o estoque desse peixe a somente 10% do existente há cinco décadas. Nesse ritmo, segundo alguns cálculos, o atum-azul pode estar extinto em apenas cinco anos. É quase certo que, quando for atualizada em março, a Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção inclua o atum-azul na lista das espécies ameaçadas. O efeito prático dessa medida, que tem o apoio dos Estados Unidos e da União Europeia, seria a imposição de uma moratória de dois anos na pesca. Nada disso garante a sobrevivência do atum-azul.

Entre a captura e a venda, o comércio de atum-azul movimenta um volume impressionante de 1 bilhão de dólares por ano. Só existe uma forma reconhecida de preservar uma espécie marítima e, ao mesmo tempo, manter o mercado abastecido: sua criação em cativeiro. Foi o que salvou o salmão. Hoje, dois terços do consumo mundial saem de fazendas aquáticas, reduzindo a pressão sobre o estoque de salmão na natureza. O que impediu até agora que o mesmo fosse feito com o atum-azul foi seu comportamento, muito mais complexo que o de outras espécies criadas em fazendas. Para começar, ele vive em migração permanente. Ao contrário da maioria dos peixes, o atum-azul precisa nadar constantemente (inclusive quando está dormindo) para respirar pelas guelras. Estima-se que cada cardume viaje 10 000 quilômetros por ano. O peixe também é exigente com a alimentação. Não aceita ração e só come alimentos vivos, como sardinha, e em grande quantidade. São 20 quilos de peixes menores para cada quilo de seu próprio peso. Em comparação, o salmão come um décimo dessa proporção.

Já existem fazendas de engorda desses peixes capturados bem jovens. Mas só em 2009, finalmente, depois de quatro décadas de pesquisas, surgiu uma técnica promissora para reproduzir o atum-azul em fazendas. Com a ajuda de cientistas japoneses da Universidade Kinki, o principal centro de pesquisas do atum-azul, a empresa australiana Cleanseas montou tanques que conseguem simular, com motores e luzes, as condições de vida de cada faixa etária do peixe. "Na época em que a espécie vai para os trópicos, a temperatura da água aumenta e o sol nasce mais cedo. A velocidade da corrente marítima também muda conforme a latitude", disse a VEJA Hagen Stehr, CEO da Cleanseas. A técnica para induzir peixes adultos a se reproduzir por meio de tratamento hormonal também foi desenvolvida pelos japoneses de Kinki. O primeiro resultado experimental, obtido em março, foi um sucesso: recolheram-se 50 milhões de ovos. Se cada um deles resultasse em um peixe adulto, haveria o suficiente para suprir a demanda mundial por onze anos. A segunda desova está prevista para janeiro. Desta vez, os alevinos serão criados nos tanques com simulação de uma migração. Quando estiverem próximos à fase adulta, eles serão levados para tanques-rede nos oceanos até a hora do abate. A expectativa da empresa é já dispor de 250 000 peixes em 2015 – volume equivalente a toda a produção da Austrália no ano passado.

Se der certo, pode ser a salvação desse animal, cujas rotas de migração no Mar Mediterrâneo (seu principal habitat) e nos oceanos Pacífico e Atlântico são bem conhecidas pelos pescadores. Como os cardumes são localizados com a ajuda de satélites, aviões e aparelhos de sonar, o atum-azul não tem chance de escapar de seus predadores humanos. De cada 10 quilos pescados, 8 vão para o Japão. "O peixe tem uma consistência amanteigada e um sabor incomparável", elogia Shigeru Hiranu, dono de um restaurante em São Paulo. Um peixe relativamente pequeno, de 40 quilos, vale 4 000 dólares no leilão realizado diariamente em Tóquio. Em 2001, um atum-azul de 200 quilos foi vendido por 220 000 dólares, o maior valor já pago por um peixe. No Brasil, contam-se nos dedos os restaurantes com a iguaria no cardápio. Aqui, são utilizadas outras quatro espécies de atum: albacora-bandolim, atum-branco, atum-amarelo e albacorinha. Por não viverem em águas frias como o atum-azul, essas espécies não têm o alto teor de gordura que dá sabor ao peixe. A prova mais clara dessa diferença é o preço: o atum-branco, mais comum no Brasil, custa menos de 10 reais o quilo. ( http://planetasustentavel.abril.com.br )






Fontes imagens : Greenpeace e http://sheric.ru/fish/t.html

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