quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Arquitetura ecológica no litoral do Piauí, um exemplo de Thothe Ibiapina






Integradas com a Natureza, arquitetura de Thothe se destaca no litoral do Piaui, em Barra Grande. Paredes de terra crua, madeira de reflorestamento, tetos de palha, banheiros a céu aberto, varandas com piso de areia e materiais regionais na decoração. Estas são apenas algumas das criativas soluções que estão sacudindo os conceitos tradicionais da arquitetura na atualidade.

Estes materiais pertencem a um modelo diferente de construir e projetar moradias, em que o mais importante é, além de preservar o conforto interior da obra, respeitar ao máximo a natureza. “Projetar, produzir e consumir de forma consciente contribui para o presente e o futuro do planeta”, afirma Tothe Ibiapina, profissional que há mais de 20 anos trabalha com arquitetura ecológica.

O arquiteto explica que a arquitetura ecológica tem como foco principal o conforto e bem-estar das pessoas através da adaptação da construção ao ambiente local. “Concepção ecológica é a utilização de técnicas, materiais e tecnologias menos agressivas antes, durante e depois da obra. Uma construção planejada para usufruir dos recursos locais e reduzir os impactos ambientais”, esclarece.

Mais do que uma técnica, a construção ecológica é uma questão de conforto. “Utilizamos sempre os recursos tecnológicos quando os naturais não são suficientes”, elucida Tothe. “Mas o interessante é que a construção traga conforto para o usuário, usando o máximo possível dos recursos naturais em iluminação, ventilação e vegetação”, completa.

Presente nos estados do Piauí, Ceará e Bahia, a arquitetura ecológica tem atraído atenções e influenciado novas gerações de arquitetos. “Necessitamos sair dos padrões de repetição e de imitação para construir projetos inovadores e criativos. E a ecologia abre espaço para isso”, alega Tothe que por defender esta idéia é hoje referência para novos profissionais da área.

No vilarejo de Barra Grande é possível identificar grandes exemplos da arquitetura ecológica. “Barra Grande é meu poema. Lá consigo realizar meus sonhos, defender minhas linhas de trabalho, sem muito rebuscado; banheiros com jardins abertos proporcionando contato com o céu, varandas de areia, mais espaços iluminados e ventilados naturalmente. Enfim, meu retorno às origens, sem querer desmerecer outras construções urbanas lindíssimas”, argumenta Tothe.

Para Tothe, a arquitetura ecológica se inicia no processo de conscientização das pessoas. Para conseguir este objetivo, o arquiteto afirma que o primeiro passo é internalizar nos participantes do processo de planejamento, construção e habitação, os conceitos ecológicos. “Não é copiar, mas criar a partir da compreensão dos materiais locais, observando sempre o funcionamento da natureza”, assegura.

Pensar o espaço construído só é possível com o entendimento do espaço natural. “Ao contrário do que se imagina a arquitetura ecológica não é um retorno às soluções primitivas, mas sim a conjugação de recursos tecnológicos e naturais, sem ferir o ambiente e sem desperdiçar materiais”, diz.

Essa questão é absolutamente essencial ao trabalho de um arquiteto. Ao entender o que acontece no espaço natural é possível projetar o futuro e medir suas conseqüências. Afinal é no futuro que existe a obra construída, assim como o impacto causado por ela.

Tothe Ibiapina nasceu em Teresina, estudou em Salvador e passou parte de sua vida no Rio de Janeiro. Atualmente residir em Parnaíba,, mas sempre que pode, usa todas as folgas para se refugiar no Vilarejo de Barra Grande. “Descobri a necessidade de trabalhar com os materiais oferecidos pela natureza, quando tive a oportunidade de passar uma temporada no Morro da Mariana – Ilha Grande de Santa Isabel, no fim da década de 70 e, lá convivendo com os nativos despertei para a situação de respeito pelo meio ambiente”, revela o arquiteto.

Seus projetos abrangem desde considerações acerca das condições climáticas até preocupações bem atuais, estratégias de proteção da biodiversidade, paisagismo ecológico e toda gama de trabalhos sobre o impacto do desenvolvimento urbano no ecossistema de uma determinada região.

O poder de conscientização do arquiteto é tão grande que ele divide o sucesso do seu trabalho. “Trabalhos não são somente meus! São dos amigos que acreditam na idéia, da comunidade que aceita conviver comigo e dos meus operários primitivos que, são meus professores”, fala. Uma tecnologia bastante utilizada pelo arquiteto é a taipa, um modo de construção secular e simples, que usa terra crua em vez de tijolos.

“Utilizo devido a sua elevada resistência, beleza e durabilidade”. Neste contexto, a construção de taipa de mão, coberta com palhas, renasce admirada e procurada por pessoas com consciência ambiental. “O mercado e a sociedade em geral estão cada vez mais exigindo dos profissionais uma atitude de maior respeito ao meio ambiente”.

A taipa é uma tecnologia simples que consiste no preenchimento de um entrançado de madeira ou bambu, com terra. “Quando as paredes estão prontas, é só fazer o reboco das paredes e dar uma boa pintura para revelar a beleza”, ensina. “Antes, nos viam como profissionais pitorescos, alternativos. Agora, nosso trabalho está sendo valorizado”, comenta Tothe Ibiapina.

Há por todo o mundo exemplos de construções feitas em taipa, a própria muralha da China, símbolo da solidez, é taipa, serviu a construções no Egito, na Mesopotâmia, há séculos. “A taipa é um material apaixonante. Tem uma nobreza histórica. As reforçadas casas e igrejas coloniais brasileiras foram feitas assim. A casa de taipa nasce do chão, vem da natureza, é construída com o material que está ali”

A arquitetura ecológica demonstra que respeitar a natureza e viver bem é perfeitamente possível. Claro que ninguém terá de morar em uma oca. Na verdade, trata-se de um resgate de técnicas construtivas tradicionais que utilizam materiais feitos basicamente de terra por isso, com praticamente nenhum impacto ambiental.

“Eu não inventei nada! Apenas adaptei o que os índios já usavam. Aproveitei a circunferência, a forma redonda da oca e aperfeiçoei com a tecnologia de usar o pilar no centro para sustentação, usando a engenharia, a física e a matemática para convergência da força. O resultado é uma obra diferente, mas o sentido é um só”.

As técnicas evoluíram e hoje, existem opções diversas de materiais e acabamentos que permitem um visual muito mais arrojado que antigamente além de maior durabilidade.

Basta conhecer melhor os materiais encontrados na natureza para iniciar a prática de arquitetura ecológica. "Existem madeiras que têm resistências naturais e não precisam de químicos.
“Todos os materiais são adequados desde que provenientes de processos sérios de extração de manejo sustentável e processos de transformação de baixo impacto”, observa. “Hoje, o material natural, renovável e biodegradável mais utilizado é a madeira nativa, reflorestada ou exótica, como a ata seca, piquiá e principalmente de eucalipto de reflorestamento”, confirma.

O eucalipto é uma espécie de madeira que vem ganhando cada vez mais adeptos entre os arquitetos. "Ela é ecologicamente correta, porque é uma árvore resultado do reflorestamento. Ou seja, pode ser retirada em menos de 15 anos depois de plantada. Ao contrário de madeiras amazônicas, como o mogno, por exemplo, que atingem a idade adulta só entre 25 e 30 anos", compara o arquiteta. "O melhor é que a exploração do eucalipto poupa espécies ameaçadas de extinção", diz.

Mais informações:
Arquiteto Tothe Ibiapiana: 86 9983 1233 / 86 3322 4032
Assessoria Claudia Bezerra: 86 9930 5336 / 8801 8152

Fonte:www.canalverde.tv

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